quarta-feira, 13 de junho de 2012


A saudade bateu, e agora?

Aquele perfume suave, o olhar fixo, o sorriso frouxo
E eu com a cara toda amassada pela manhã.
Por uma noite mal dormida.

Eu via você vestida de preto 
Elegantemente, com salto agulha 
Postura de Vênus.
Havia vestígios no quarto do nosso amor.
Sobre mesa, o copo de Martini e suas digitais marcadas 

Pelo batom vermelho ainda úmido.
A vitrola velha ainda se ouvia uma canção de Alceu.

A saudade bateu, e agora?

Como poderei dormir tranquilamente 

Sabendo que poderá não mais voltar?
A janela poderá estar fechada,

E a lua escondida entre nuvens negras.
Que aquilo tudo seria apenas mais um dos meus delírios.
Invenção dos meus fantasmas.

Ficava assim
Esperando que você chegasse 

Numa manhã de outono junto ao sol.
Pisando o tapete de desejos estendido pela casa.
Tocando o pescoço com seus lábios mornos
Tuas mãos me procurando vagarosamente

Entre cobertas entrelaçadas.
Imaginando.

Se tudo for apenas um retrato
E  por um acaso, sentir vontade de me procurar
Saiba que a saudade bateu, e dói estar só.
Vendo a moldura sem imagem 

Da minha solidão vestida de mulher.

ALLima

Um comentário:

  1. "Suas digitais marcadas pelo batom vermelho ainda úmido" é uma imagem poética fantástica! Como diria Quintana, "As vezes um verso só, vale todo o poema". Mas como um poema depois de escrito não é mais do autor e sim de quem lê. Cada um vira dono do poema alheio, eu adorei este "sonho" hora sexy e hora solitário. Uma lembrança que pode ter acontecido ou só uma vontade que de tão verdadeira, virou real!

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