quarta-feira, 25 de julho de 2012


Palavras mudas

Já não sei onde terminam minhas linhas
Nem em que verbo me sustento
Nessa audácia de criar versos
Calo, silenciando o tempo
Desacelerando o eixo do mundo
E escuto meu eco latente

Paro, num instante, palpitando em mim
Sentimentos ócios
que divagam plenos
Que me devoram como vermes
Consumindo meu cadáver morno
Com cheiro fresco
Um gosto doce

Esse viço de poesia vã
Onde está?
Reviro minhas gavetas repletas de traças
Pelo interior oco
Não acho substantivo algum

Pelas palavras que já não me vestem
Deixo o poema perfeito
A vaga memória de um poeta
Que sugado na sua angústia
Deita e chora comovido
como quem houvesse perdido o dom de deus

Allima