quarta-feira, 13 de junho de 2012

Quem é você?


Sou uma porção do mundo indivisível
Metade átomo, metade mistério


Seria bom se pudessem ir 
Além dos meus passos
Sonhar muito além das estrelas. 


Queria ser poesia, quem sabe? 
Um dia quero ser formiga,
Beija-flor, Canário da terra,
Tanto faz


Tudo o que quero é ser vento
E soprar sem direção
Poesias de amor. 
Quero ser canção.


ALLima

A saudade bateu, e agora?

Aquele perfume suave, o olhar fixo, o sorriso frouxo
E eu com a cara toda amassada pela manhã.
Por uma noite mal dormida.

Eu via você vestida de preto 
Elegantemente, com salto agulha 
Postura de Vênus.
Havia vestígios no quarto do nosso amor.
Sobre mesa, o copo de Martini e suas digitais marcadas 

Pelo batom vermelho ainda úmido.
A vitrola velha ainda se ouvia uma canção de Alceu.

A saudade bateu, e agora?

Como poderei dormir tranquilamente 

Sabendo que poderá não mais voltar?
A janela poderá estar fechada,

E a lua escondida entre nuvens negras.
Que aquilo tudo seria apenas mais um dos meus delírios.
Invenção dos meus fantasmas.

Ficava assim
Esperando que você chegasse 

Numa manhã de outono junto ao sol.
Pisando o tapete de desejos estendido pela casa.
Tocando o pescoço com seus lábios mornos
Tuas mãos me procurando vagarosamente

Entre cobertas entrelaçadas.
Imaginando.

Se tudo for apenas um retrato
E  por um acaso, sentir vontade de me procurar
Saiba que a saudade bateu, e dói estar só.
Vendo a moldura sem imagem 

Da minha solidão vestida de mulher.

ALLima
Ter


Abrace 
Por fora
Me encobrindo 
Por completo

Deixando-me à mostra
Ensinando o que é tento
Acariciando minha alma

Abrace-me sedento
Que o tempo agora
Pede calma

E assim vamos nascendo
Dia a dia
Sem pressa ou medo

Dando ritmo ao compasso
Pela Vida afora

Nos preenchendo
Passo a passo

Nos amando
Dentro e fora

ALLima
Idealizar


Jeito de mulher fechada
Com cara emburrada
Bebendo chá quente
De maça, com mel e canela


Debruçava sobre o livro de contos
Infringentes .
Parava por um instante
Suspirava, como quem se imaginasse
em cena.

Cortando fios, trincando dentes
Tecendo desafios
Conspirando contra sua mente
Se fazendo revirada.

Perdendo sentido
Fremindo sonhos à base de unhadas
Como se agarrasse Deus.
Para lhe contar o que pensava

E dizia vagarosamente a si mesma:
-Eu sei que posso
E quero.
Ser o cais que ancora tuas
Caravelas.

Pra te fazer seguro.
Içando tuas velas.
Te navegando sempre

ALLima






Dentro ou fora? 

Era imensa 
Trazia consigo, grandes ramos de saudades.
Me buscava no íntimo, a cada dia
Balbuciando versos de poesia 

E meia dúzia de sacanagens.

Me sentia forte, completo

Numa sensação quase delirante.

Em noites frias, teu canto ecoava 

Na mais perfeita bossa nova 
Dançávamos agarradinhos 

Como se fôssemos uno, indivisível.

Não sabíamos se estávamos dentro ou fora
Naquele instante, eramos a personificação.
O sentido da palavra, o verbo, o som.

Na mais completa virtude dos amantes.
Somente eu e tu, enrolados em lençóis
Na mais íntima das paixões.
Apenas éramos.
Eternamente sós!

ALLima
Calmaria


Não me atrevo a sonhar
A visão dos teus olhos


Porque me pego 
A delirar fantasias
averbando desejos
Sem te consultar.


Não vou fremir delírios insensatos
Vou pairar sossego
E te reinventar.

Fechando os olhos
Imaginar indo, ao teu encontro
Reencontrar n
o teu avesso.
Te desvirar
Inquerindo-lhe.
O lado certo

ALLima
Verbalizando


Cuide bem do que tem
Poderá vagar perdido
Procurando outro alguém
Que simplesmente
Não prende tuas correntes 
Na abita.


Semeie amor em blocos 
Em canteiros firmes
De terra preta batida
Para ficar bem plantado.


Quando for colher
Não se esqueça de cheirar
Tem aspecto doce 

Cores de âmbar.

Possuindo lindas flores
Que tornam a brotar
Sempre germinando

Tentando eternizar

Isso ensina a conjugar.
Porque AMAR, pode até ser verbo.
Mas querida...
Eterno, sempre deve ser conjugado
No infinitivo pessoal
Na primeira pessoa do plural.

"Para eternizarmos Nós"



ALLima