terça-feira, 24 de julho de 2012















A verdadeira poesia

Ela voava sem asas
Sim, ela voava
E parecia vento
Uma tormenta
No meio do mar

Pavor das caravelas e veleiros
Não perdoava navios negreiros
Que tentavam escravizar
impiedosa, naufragava-os sem dó

Corria campos longínquos
Desertos perdidos
As majestosas manhas
Tocando o infinito
Pelo poente despertar da noite

Ela voava sem asas
Sim, ela voava
Vinha em forma de sereno
De choros gotejando
Chovendo intensa
Procurando seu lugar
Na face da terra

E beijava o solo
Como quem buscasse desejosa
O companheiro no meio do norte
Vestido de astro
Pelo azul de Netuno 

Ela voava, agora com asas
Sim, ela voava
Pela crista da montanha
Observando a rapina caçar
E ficava hipnotizada
Pela magia da vida
Na sua cadeia alimentar 

De repente, tudo escureceu
O universo em sua volta abriu-se
Feito uma janela
E tudo começou a piscar 
Por todos os cantos
Eram constelações inteiras
numa plenitude só

Ela fechou os olhos
sorriu docemente
Como se tivesse encontrado o que buscava
Levantou-se, despiu-se de suas asas
Vestiu-se de luz
Brilhando imaculada


Não era mais um anjo
Estava ali a poesia viva
Que vaga sem planos
Tentando ser achada
E qualquer lugar
Na forma de amor.

Allima.